É a exposição de um indivíduo que não fuma às fumaças da queima de derivados do tabaco (cigarro, cigarro de palha, charuto, cachimbo, narguilé). Quanto mais frequente, duradouro e em local fechado, pior.
E por que é importante reconhecê-lo e evitá-lo? Essa fumaça contém substâncias reconhecidamente tóxicas e outras que levam ao câncer (ex. hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) entre as 250 sabidamente ali presentes. Da mesma forma, é o que mais polui ambientes fechados, levando assim, às mais variadas doenças (é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, de acordo com a OMS).
Pelo mundo, em torno da METADE das crianças encontram-se expostas.
E o que pode ocorrer no caso de gravidez em fumante? Caso a futura mamãe não consiga abandonar o tabagismo, esta exposição pode levar ao comprometimento neurológico com possibilidade de déficit cognitivo, hiperatividade entre outras. Observando o crescimento desta criança, pode haver dificuldade na escola, no desenvolvimento de habilidades finas e manuais, no cálculo e na linguagem.
A exposição do feto ao fumo materno é o exemplo mais grave de tabagismo passivo. Estudos envolvendo 500 mil gestantes e fumantes mostraram (com fortes evidências) que os recém-nascidos têm peso inferior ao das gestantes que não fumam (redução média de 200 g) e o dobro de chance de nascer antes da hora (prematuridade). Há maior risco de aborto espontâneo, gravidez tubária (fora do útero), placenta prévia. Pode ocorrer morte súbita infantil.
Essas crianças podem ter função pulmonar reduzida, o que pode contribuir para agravar a asma e as predispões à DPOC quando adultos (veja no blog).
Há evidencias de que gestantes não fumantes também podem dar à luz a crianças com peso reduzido, se expostas ao fumo.
Você sabia que os maiores índices de cessação do fumo ocorrem em mulheres durante a gravidez? é uma pena que somente 30% delas seguem sem fumar depois do parto.
Embora os maiores benefícios para o desenvolvimento fetal ocorram se a cessação do tabagismo acontecer ainda no início da gestação, a interrupção em qualquer momento da gravidez, ou mesmo no pós-natal, tem significativo impacto na saúde familiar.
Portanto, o que seria ideal? A suspensão do fumo antes de engravidar. Caso a gestante não tenha conseguido, o aconselhamento para a cessação do tabagismo deve fazer parte de todo o pré-natal. E, caso você esteja grávida, jamais use alguma forma de repor nicotina se continuar fumando (adesivos, gomas). Procure um médico treinado.
Sintomas e doenças respiratórias são as manifestações mais comuns apresentadas por filhos de fumantes, e estes apresentam um aumento de quase 40% na frequência de bronquites e de pneumonia no primeiro ano de vida. As crianças com asma passam a ter crises mais frequentes e mais severas.
As crianças amamentadas por mães fumantes estão expostas à nicotina no leite materno, a qual pode interferir na estatura das crianças.
Mais de 100.000 casos anuais de câncer podem ser atribuídos ao fumo passivo e o risco de desenvolver câncer de pulmão (para um fumante passivo) é 3X maior do que para quem não está exposto à fumaça.
Qual a melhor dica?
Devemos sempre encorajar e apoiar quem fuma, que muitas vezes gostaria de parar o tabagismo, mas não consegue sozinho. Encorajá-lo a procurar auxílio. Se alguma futura mamãe estiver lendo esse post, tente procurar ajuda antes de engravidar. Não foi possível? Falando em tabaco, NUNCA é tarde para abandoná-lo: curta sua gravidez livre do cigarro, tanto para você como para o filhote que vem ai.
KROEFF, L.R.; MENGUE, S.S.; DUNCAN, M. I. Fatores associados ao fumo em gestantes avaliadas em cidades brasileiras. Revista de Saúde Pública, v.38, nº 2, p. 261-267, 2004. LOTUFO, J. P. Tabagismo, uma doença pediátrica. São Paulo: Savier, p. 17-19, 2007.INCA.
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