🔵A bronquite crônica é um quadro inflamatório persistente das vias aéreas, provocada pela exposição prolongada a substâncias nocivas, como o cigarro (grande exemplo). A fumaça do cigarro irrita crônica e insistentemente a parede das vias áreas e do tecido pulmonar ao seu redor, levando a uma redução permanente do seu calibre e maior produção de muco/secreção.
🔵A bronquite crônica (BC) é definida pela presença de tosse crônica e produção de escarro. Essa condição está fortemente associada ao tabagismo e está presente em uma proporção significativa de pacientes com DPOC. De fato, entre os pacientes com DPOC, a BC está associada a múltiplos desfechos negativos, como o declínio acelerado da função pulmonar, exacerbações graves e aumento do risco de morte.
🔵O acúmulo de muco nas vias aéreas acaba facilita infecções recorrentes, inflamação das vias aéreas e exacerbações respiratórias.
🔵Uma das consequências é o desenvolvimento de limitação do fluxo aéreo (ou seja, DPOC definida por espirometria). Assim, a Bronquite Crônica pode ser entendida como uma condição pré-DPOC (que ainda não evoluiu para limitação do fluxo aéreo, mas, em um número significativo de casos, o fará).
🔵Estudos que estratificaram dados por idade mostram que os efeitos mais fortes no risco de DPOC são observados quando a BC está presente na meia-idade em comparação com idades posteriores, o que aponta para a sua relevância como um"marcador precoce de suscetibilidade".
🔵Alguns pacientes com BC não obstrutiva parecem ter aumento do risco de morte independentemente da limitação do fluxo aéreo: um estudo combinando dados de cinco coortes de base populacional descobriu que a BC não obstrutiva previu eventos relacionados à respiração (hospitalizações e morte) também entre indivíduos que nunca desenvolveram limitação do fluxo aéreo durante o acompanhamento. E qual seria o mecanismo se eles não apresentam o desenvolvimento de DPOC definida por espirometria? Pode ser que a relação VEF1/CVF desses pacientes não ultrapasse o limiar da DPOC porque eles começaram a vida adulta em uma trajetória de função pulmonar “supranormal” ou porque eles têm principalmente disfunção das pequenas vias aéreas para a qual o VEF1 não é uma medida sensível.
🔵No estudo COPDGene, fumantes com sintomas e TC anormal (mas com espirometria normal) tiveram riscos de exacerbações graves e morte comparáveis aos de participantes com sintomas e espirometria anormal, o que indica que os critérios espirométricos sozinhos são insuficientes para capturar a complexidade e natureza multidimensional da doença.
🔵Essas constatações reforçam a necessidade urgente de novas abordagens de manejo para fumantes sintomáticos com espirometria normal e o consequente aumento da nossa compreensão sobre a bronquite crônica, oportunizando avanços nas intervenções modificadoras da doença.
Guerra S.Chest. 2022 Jul;162(1):19-21. doi: 10.1016/j.chest.2022.03.020.
Widysanto A, Mathew G.2022 Nov 28. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–.PMID: 29494044
Comentarios