-O cigarro eletrônico (VAPE), é um dispositivo que fornece aos usuários doses de nicotina
e outros aditivos em aerossol.
-São três os componentes principais: uma bateria, um atomizador e um cartucho contendo nicotina.
-A primeira geração de cigarros eletrônicos foi projetada para ser descartável e imitou a aparência do cigarro tradicional.
-Entretanto, os dispositivos eletrônicos evoluíram rapidamente e os padrões de uso mudam a cada 12-24 meses em resposta à introdução de novos dispositivos, novos sabores e à propaganda agressiva.
-Com a segunda e terceira gerações de dispositivos desenvolvidos, os e-cigarros passaram a conter cartuchos recarregáveis, onde os usuários poderiam modificar o conteúdo do e-líquido, bem como alterar o poder/ potência do dispositivo (modificando o aerossol produzido).
-A mais nova geração de cigarros eletrônicos apresenta dispositivos menores, mais “elegantes” que utilizam cartuchos de cápsula preenchidos com e-líquido/ sais de nicotina (ISSO PERMITE maiores concentrações de nicotina a serem inaladas).
-Diversas substâncias potencialmente danosas, como formaldeído, acetaldeído, acroleína, compostos orgânicos voláteis, metais pesados e nitrosaminas derivadas do tabaco (produtos químicos causadores de câncer) foram identificadas nos cartuchos de nicotina (Kosmider et al. 2018; St Helen et al. 2020; Zhao et al. 2020).
-Na constituição do cartucho, há diferentes produtos conforme a marca, mas geralmente contém nicotina e um componente para produzir o aerossol (por exemplo, propilenoglicol ou glicerol diluído em água).
-Algumas marcas de cigarros eletrônicos podem incluir substâncias que modificam o
sabor, como extrato de frutas, baunilha, menta, café ou chocolate, tornando-os mais
atrativos, principalmente para adolescentes.
-No segundo semestre de 2019, houve uma epidemia no consumo de cigarros
eletrônicos nos EUA entre adolescentes, com doenças e mortes associadas ao consumo
desses produtos, sendo descrito inicialmente a EVALI (Injúria Pulmonar relacionada ao
uso do Cigarro eletrônico), doença que pode cursar com sintomas gastrointestinais,
constitucionais e respiratórios (tema de potro post).
-Além de problemas pulmonares, o uso também está associado a risco de eventos
cardiovasculares (AVC, infarto), danos renais e imunes, etc.
-Não é recomendado como ponte para cessar tabagismo - a utilização prolongada
por tabagistas pode perpetuar a dependência à nicotina, e o seu uso durante a
adolescência pode estimular a iniciação do tabagismo.
Na realidade, o oposto já foi evidenciado: em metanálise publicada em 2020 pelo BMJ
incluindo 17 estudos- todos com pacientes até 30 anos declarados não tabagistas antes
de utilizarem o cigarro eletrônico- foi observado uma chance 5 vezes maior de se tornar
tabagista após quando comparados com não tabagistas que não fizeram uso do cigarro
eletrônico.
-Outro grande problema é a falta de regulamentação de e-cigarros e e-líquidos, o que torna desconhecidos os produtos químicos presentes.
-Se os cigarros eletrônicos seguirem os passos do convencional, poderá levar de anos a décadas antes de profundas mudanças fisiológicas. Contudo, o fato de já estarem sendo constatadas alterações agudamente, as exposições crônicas dificilmente não seguirão pelo mesmo caminho do cigarro convencional (levando a doenças crônicas).
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